segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Um pedido de ajuda

O texto abaixo foi escrito por João Alberto Tessarini, atelierista da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, que, numa tarde, estava recepcionando o público que visitava a exposição Um lugar, uma história - A Cerâmica São Caetano, promovida pela Pró-Memória, até o dia 30 de setembro, no Espaço do Forno, próximo ao ParkShopping São Caetano.

Se você sabe quem é a pessoa da foto, ou tem alguma pista de quem poderia ser, ou mesmo acha que tudo não passou de um sonho, da imaginação de Tessarini, deixe seu palpite nos comentários!

Um pedido de ajuda


Bom dia, gente! Um pedido de ajuda: você sabe quem é e onde mora o homem da foto? Qualquer informação será bem-vinda. Nosso encontro foi rápido, dentro do último forno intermitente usado para fabricação de cerâmica e que hoje abriga uma exposição com fotos, textos e depoimentos de ex-funcionários sobre uma história marcante para milhares de famílias.

Tudo indica que ele conhecia muito bem o local onde estávamos. A maneira carinhosa com que tocava a pátina natural que cobre os tijolos e ferragens era de alguém muito próximo de tudo aquilo. Sua única frase, com voz grave, gutural, foi: “Continua muito especial”. Posso dizer que existia no seu olhar uma nostalgia, talvez de fatos onde ele tenha sido o protagonista.

Foram segundos - enquanto ele olhava o teto abobadado, pintado de preto, fui receber o casal que chegava para uma visita e indiquei o início da exposição, quando me virei na direção do visitante, com a sua touca rota, ele havia sumido. Fui até a porta e nada, ninguém na rampa ou na calçada que fica em um patamar mais alto. Conversei com o casal, completamos a visita, eles saíram.

Peguei papel e lápis e comecei a desenhar a criatura que virou vento. Eu sentia uma necessidade muito grande, sem explicação, de registrar a fisionomia daquela figura. Pena, poderia ter feito uma foto, não fiz. Seu rosto estava muito forte na minha mente, mas eu não estava satisfeito com o desenho, eu precisa de mais. Lembrei que talvez tivesse massa de modelar no automóvel estacionado a uns 20 ou 30 metros do forno. Corri até lá e olhei atrás do banco do motorista: maravilha, o pote com a massa salvadora estava ali a minha disposição. Peguei aquilo com o cuidado merecido de tesouro que é, voltei e modelei rapidamente, durante uns 10 ou 15 minutos, fazendo uso da tampa da caneta como ferramenta para buscar a expressão marcante.

Modelar o rosto de alguém é como tocar o rosto da pessoa em questão, experiência de imersão total – e, naquela situação, tudo dentro do forno com seu jeitão medieval conspirava para o êxito do trabalho, até a meia luz difusa e aconchegante do forno que sempre me abraça redondo. Você conhece esse homem? Sonhei? Faça contato!

O último dos fornos da Cerâmica São Caetano fica no Espaço Cerâmica, ao lado do ParkShopping São Caetano. Visite a exposição Um lugar, uma história – A Cerâmica São Caetano, promovida pela Fundação Pró-Memória São Caetano, aberta de terça a sábado, das 14h às 17h. Sempre terá alguém lá para te receber.
Abraços,
João Alberto Tessarini